[Entrada - Mirna] Shinning Mermaid

O interior da guild parecia animado, conseguia ouvir a música que se apoderava do interior daquele ambiente repleto de outras mulheres, as conversas decorriam normalmente, isso até me agradava, mas não tenho a certeza se gosto de um local assim.... "movimentado". De qualquer maneira, a garotinha pensou durante um bocado e respondeu à minha questão, então, apontou-me o caminho, por isso disse, agradecendo:
- Obrigado... - ia perguntar-lhe no nome, entretanto, a garota mais alta de à pouco, a "cowgirl" chamou-a e percebi que era a hora de ela partir - Liss, obrigada. - terminei erguendo-me novamente, apoiando as minhas mãos nas pernas para que me levantasse, depois, olhei novamente para o interior da guild até que reparei no aceno da mocinha, ela estava acenando. Movi, vagarosamente, os dedos como uma espécie de aceno, mas mais elegante e discreto, não gosto de dar nas vistas, contudo, a minha aparência não ajuda muito, sou chamativa por natureza, mais vale habituar-me.
Finalmente faço alguma ideia do que tenho que fazer, essa tal de "Donapruh" deve ser quem me pode ajudar, sendo assim, arranjei as minhas luvas brancas que estavam um pouco tortas e entrei no local que se encontrava diante dos meus olhos rígidos e intensos. Caminhei com passos pesados e firmes, segui numa linha reta contanto que todas as garotas se desviassem, já que consigo ter a atenção virada para mim, mais vale aproveitar isso como uma vantagem. Assim que pude, elevei a voz para que me ouvissem a mim e não à música e gritei:
- Onde posso encontrar a Donapruh? - questionei olhando em volta, movendo o pescoço devagar, deixando o meu longo cabelo loiro dançar devagar com a autoridade que eu demonstrava, naturalmente. Apesar da minha aparência e exterior brutos, eu estava realmente nervosa, não queria causar nenhum tipo de confusão, simplesmente queria me tornar membro da guild, uma respeitosa guild feminina, queria trabalho, um local onde pudesse obter oportunidades e aprender coisas novas, nestes curtos dezasseis anos, por muitas aulas que tivesse com o velho do grupo, não conseguia aprender certas coisas sem as viver, sem as presenciar, sem sentir, eu sou uma rocha, mas também sou uma jóia especial. Não permitirei que ninguém me passe por cima, no entanto, quem sabe, irei fazer algum novo amigo, alguém para proteger, cuidar, mas isso é algo muito remoto e, infelizmente, improvável.

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Aquele local enojava-me, as luzes, a música, as pessoas desperdiçando o seu precioso tempo deixavam-me cada vez mais irritada, cerrei os punhos, quase conseguia sentir os dedos a tentar rasgar as costuras das minhas luvas brancas. Podiam estar utilizando aquele local como é suposto, uma guild, um local sério de trabalho, não a porcaria de uma maldita boate, quero me encontrar com essa tal Donapruh, talvez ela compreenda. Caso contrário, terei que falar com ela, por isso... mais vale parar com esta palhaçada, de uma vez por todas! Eu parecia estar totalmente excluída, não pertencia àquele lugar, mas se eu não consigo me encaixar, terei que fazer os outros se encaixar à força. Prossegui até chegar ao centro do salão, consegui observar uma maga utilizando a sua magia para fins ridículos, estava fazendo malabarismo, algo totalmente denecessário. Olhei para a garota fixamente com um olhar de desaprovação, parecia até uma mãe desapontada com a própria filha, após isso, a mulher responsável pela música, a que tocava o piano, demonstrou a sua indignação para comigo, limitei-me a virar o olhar para ela, elevei o queixo e disse:
- Algum problema? - fiquei olhando a mulher durante alguns minutos, permanecendo em silêncio, talvez conseguisse intimidá-la, mas não era esse o objetivo. Finalmente, alguém se pronunciou, era uma esbelta mulher, possuia uma pele pálida e longos cabelos negros, no entanto, o que mais me chamava à atenção, era o seu charme, a maneira como posicionava a cabeça, a mão, tudo, revelavam que ela sim, deveria ser quem comandava todas que se encontravam ali. Esta, perguntou o que eu precisava, confirmando a minha suspeita que ela sim era a tal Donapruh, que haveria sido mencionada pela criancinha, Liss. Sendo assim, uma vez que já tinha toda a atenção virada para mim, contornei o barzeco e caminhei na direção das escadas. Enquanto me deslocava, iniciei o meu pequeno monólogo, não queria causar problemas, mas isto era mais forte do que eu, tinha que dizer o que acho:
- Chamam a isto uma guilda? Este conjunto de menininhas ocas são consideradas magas de verdade? Estas são aquelas, cujo poder é utilizado para ajudar os outros? - chego até a metade das escadas, continuando a olhar em baixo e, por fim ergo a minha cara, estico o braço esquerdo e digo, num tom exaltado para a mulher:
- Pode começar por tratar esta guild com respeito?! - apercebo-me da minha falta de paciência, mantenho-me direita, fecho os olhos e respiro calmamente, tenho que me acalmar, falar assim não é correto, acalma-te Mirna... - Peço desculpa, Senhora Donapruh, este tipo de coisas deixam-me muito exaltada, porém o que eu desejo é tornar-me uma membra da Mermaid Heel, acredito que todas aqui são poderosas, mas estas... festas, são uma perda de tempo, na hora da batalha, uma festa não vai salvar nenhuma de vocês!

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O perigo que aquela mulher representava agravavasse a cada palavra que saía da sua esbelta boca, toda ela era bela e requintada, no entanto, ela apenas me enervava cada vez mais, uma mulher daquelas não poderia ser sequer chamada de líder, uma mulher assim, não vale nada! Quantos anos será que ela tem? Para se esconder em valores tão supérfulos e fúteis, não acredito que ela mereça o título que possui. Filhas... pff, estas garotas deixariam qualquer outra para uma morte certa se implicasse a sua salvação, humanas imundas, se precisarei aturar cada uma delas para alcançar o que eu quero, assim seja, não será por muito tempo.
Ao decorrer do tempo, comecei a sentir uma sensação estranha a tomar conta dos meus pensamentos, estava confusa, não conseguia nem formar frases completas na minha cabeça, quanto mais dizer alguma coisa àquela mulher. Sereia... sereia... sereia... repetia-se vezes e vezes sem conta, assombrava-me a mente, não entendo, não percebo, tudo isto está errado, esta mulher só pode estar a fazer algo, não interessa, se calhar é apenas o meu próprio pânico a manifestar-se. Eu tenho que responder, agora ou nunca, aqui vai.

Subi os degraus restantes até que ficasse frente a frente com a suposta "rainha" daquele local que disfarçava a sua própria natureza com este tipo de comportamento, a honra da Mermaid Heel fora toda por água abaixo quando esta mulher subiu ai poder. Como esta estava sentada, olhei para baixo, de modo a ficar cara a cara com ela, esta era a hora certa, eu sei que todo este tempo tenho passado uma vergonha tamanha, aos olhos destas insolentes.

- Eu não acho nada, eu tornar-me-ei numa sereia. - coloco as mãos sobre os apoios braçais da cadeira e me inclino para a frente, ficando ainda mais próxima dela - Mas não serei uma das suas... filhas. - proferi de forma forte e precisa, independentemente de estar completamente aterrorizada com o que pudesse vir a acontecer de seguida, conseguia sentir o meu "coração" a palpitar, o meu cristal parecia querer explodir e libertar-se do meu peito. Continuo a achar que uma pessoa assim não merece viver, ela não sabe o poder que tem nas suas mãos, ou se sabe, faz questão de esfreger o nome desta guild na lama. Nenhuma delas me conhece, talvez se perguntem o porquê de eu agir desta forma por uma guilda qualquer, é por isso mesmo, não é uma guilda qualquer, é a guilda "dela".

Natasha, não vou deixar que este verme pintado pense que vai denegrir a tua casa, descansa em paz, eu não vou desistir de tomar este lugar como meu, é apenas uma questão de tempo, confia em mim, meu amor.

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- AAAAAAAH! - gritei, desferindo um valente golpe numa das mesas que enfeitavam o salão pouco divertido da guilda, eu tinha definitivamente arruinado o festim, mas não me arrependo de nada, quer dizer, arrependo de uma única coisa. Arrependo-me de não ter as minhas mãos nuas em volta do pescoço fraco daquela... daquela... vadia, velha, velhaca! A minha ira era arrebatadora, enchia-me as veias e obrigava-me a fazer coisas de que não me orgulho usualmente, bati com o punho na tal mesa e espetei um berro, não acredito que vou ter que viver com isto todos os dias.

- Quem é que ela pensa que é? Ela acha que vai vencer a dela... Ha! Está tremendamente enganada, enganada eu disse! - sacudi a cabeça tentando empurrar algum do meu cabelo para longe da minha face carrancuda. Pelo que reparei, ela colocou-me sobre alguma espécie de feitiço, não percebi muito bem o que era assim que recuperei os sentidos. Um par de garotas que nunca vi antes na minha vida estavam ao meu redor, por momentos não percebi o que se passava, eu estava agora mesmo junto da Donapruh, como é que vim aqui parar? - esta foi a primeira dúvida que surgiu na minha cabeça - Depois, colocou-me a pensar, o meu corpo estava dormente, ainda não conseguia mover as minhas pernas, pareciam estar presas a algo, elas simplesmente não respondiam às minhas ordens! Comecei a entrar em pânico, olhei para todo o lado menos para elas, pois, assim que o fiz, consegui reparar que o efeito do feitiço lentamente se dissiparia, aquela maldita - idiota, estupida, convencida, atrevida - mulher, transformou-me em pedra! Isto é um ultrage! Eu devia! - comecei a hiper ventilar, mas lá acabei por me conseguir acalmar de uma vez por todas, estava tão furiosa que não liguei mais para as outras garotas que me rodeavam. Após uma tempestade de pensamentos e planos para uma vingança rápida, voltei ao chão - literalmente, consegui até ficar de pé - tudo parecia estar onde era suposto, menos o meu orgulho e:

- O que é isto?! - pergunto em geral assim que consigo levar os meus olhos, que ainda se habituavam à luz novamente, até à minha mão direita, o símbolo da Mermaid Heel reluzia em tons rosa, como se tivesse sido colocado agora mesmo. Olhei ao meu redor, depois fixei-me num único ponto que ficava à minha frente e cerrei o punho, estava preparada para desferir um segunda pancada na mesa, prestes a atingi-la, quando suspirei. - Parece que não há muito a fazer, não é verdade? Enfim... - digo sozinha procurando pela luva que deveria estar a cobrir a minha recente aquisição, uma marca pirosa.

- Onde está a minha luva? - questionei a ambas num tom sério, fui direta, não quero me chatear, já tive a minha "pequena" dose de raiva por hoje, mais vale ser "amiguinha" destas garotas tolas e deste maldito lugar, não sei como é que gostaste tanto disto Natasha. De qualquer maneira, é hora de me instalar, depois desta cena humilhante, preciso de descansar e manter a distância destas crianças. Isto é, assim que me devolverem a luva!

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